segunda-feira, 22 de agosto de 2011

2ª Jornada da Juventude da Forania Rural 2ª Jornada da Juventude da Forania Rural em Rochedo. Será dia 28 de agosto e a estimativa é a participação de mais de 500 jovens. O evento tem por finalidade animar, motivar os jovens para uma vivencia eclesial, e também se comprometendo com a transformação da realidade pautada nos principios do evangelho.


Alento aos desolados com a Igreja‏

Alento aos desolados com a Igreja
11/08/2011 -  por Leonardo Boff
Atualmente há muita desolação com referência à Igreja Católica institucional. Verifica-se uma dupla emigração: uma exterior, pessoas que abandonam concretamente a Igreja e outra interior, as que permanecem nela mas não a sentem mais como um lar espiritual. Continuam a crer apesar da Igreja.
E não é para menos. O atual Papa tomou algumas iniciativas radicais que dividiram o corpo eclesial. Assumiu uma rota de confronto com dois importantes episcopados, o alemão e francês, ao introduzir a missa em latim; elaborou uma esdrúxula reconciliação com a Igreja cismática dos seguidores de Lefebvre; esvaziou as principais intuições renovadoras do Concílio Vaticano II, especialmente o ecumenismo, negando, ofensivamente, o título de “Igreja” às demais Igrejas que não sejam a Católica e a Ortodoxa; ainda como Cardeal mostrou-se gravemente leniente com os pedófilos; sua relação para com a AIDs beira os limites da desumanidade. A atual Igreja C atólica mergulhou num inverno rigoroso. A base social de apoio ao modelo velhista do atual Papa é constituída por grupos conservadores, mais interessados nas performances mediáticas, na lógica do mercado, do que propor uma mensagem adequada aos graves problemas atuais. Oferecem um “cristianismo-prozac”, apto para anestesiar consciências angustiadas, mas alienado face à humanidade sofredora e às injustiças mundiais e a situação degradada da Terra.
Urge animar estes cristãos em vias de emigração com aquilo que é essencial ao Cristianismo. Seguramente não é a Igreja que não foi objeto da pregação de Jesus. Ele anunciou um sonho, o Reino de Deus, em contraposição com o Reino de César, Reino de Deus que representa uma revolução absoluta das relações desde as individuais até as divinas e cósmicas.
O Cristianismo compareceu primeiramente na história como movimento e como o caminho de Cristo. Ele é anterior a sua sedimentação nos quatro evangelhos e nas doutrinas. O caráter de caminho espiritual é um tipo de cristianismo que possui seu próprio curso. Geralmente vive à margem e, às vezes, em distância crítica da instituição oficial. Mas nasce e se alimenta do permanente fascínio pela figura e pela mensagem libertária e espiritual de Jesus de Nazaré. Inicialmente tido como “heresia dos Nazarenos” (At 24,5) ou simplesmente “heresia” (At 28,22) no sentido de “grupelho”, o Cristianismo foi lentamente ganhando autonomia até seus seguidores, nos Atos dos Apóstolos (11,36), serem chamados de “cristãos.”
O movimento de Jesus certamente é a força mais vigorosa do Cristianismo, mais que as Igrejas, por não estar enquadrado nas instituições ou aprisionado em doutrinas e dogmas. É composto por todo tipo de gente, das mais variadas culturas e tradições, até por agnósticos e ateus que se deixam tocar pela figura corajosa de Jesus, pelo sonho que anunciou, um Reino de amor e de liberdade, por sua ética de amor incondicional, especialmente aos pobres e aos oprimidos e pela forma como assumiu o drama humano, no meio de humilhações, torturas e da execução na cruz. Apresentou uma imagem de Deus tão íntima e amiga da vida, que é difícil furtar-se a ela até por quem não crê em Deus. Muitos chegam a dizer: “se existe um Deus, este deve ser aquele que traz os traços do Deus de Jesus”.
Esse cristianismo como caminho espiritual é o que realmente conta. No entanto, de movimento, ele muito cedo ganhou a forma de instituição religiosa com vários modos de organizaçã o. Em seu seio se elaboraram as várias interpretações da figura de Jesus que se transformaram em doutrinas e foram recolhidas pelos atuais evangelhos. As igrejas, ao assumirem caráter institucional, estabeleceram critérios de pertença e de exclusão, doutrinas como referência identitária e ritos próprios de celebrar. Quem explica tal fenômeno é a sociologia e não a teologia. A instituição sempre vive em tensão com o caminho espiritual. Ótimo quando caminham juntas, mas é raro. O decisivo é, no entanto, o caminho espiritual. Este tem a força de alimentar uma visão espiritual da vida e de animar o sentido da caminhada humana.
O problemático na Igreja romano-católica é sua pretensão de ser a única verdadeira. O correto é todas as igrejas se reconhecerem mutuamente, pois todas revelam dimensões diferentes e complementares do Nazareno. O importante é que o cri stianismo mantenha seu caráter de caminho espiritual. É ele que pode sustentar a tantos cristãos e cristãs face à mediocridade lamentável e à irrelevância histórica em que caiu a Igreja atual.


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No aniversario da bomba atômica sobre Hiroshima , reveja "Hiroshima, meu amor" e releia Vinicius de Moraes.

A rosa de Hiroxima
Vinicius de Moraes

Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada

Mensagem do Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, para o Dia Internacional da Juventude.

Mensagem do Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, para o Dia Internacional da Juventude.


“Mudar nosso Mundo” é mais do que o tema do Dia Internacional da Juventude deste ano, é uma inspiração para todos os jovens em todos os momentos.

Muitos dos mais de um bilhão de jovens do mundo não têm a educação, a liberdade e as oportunidades que merecem. No entanto, apesar dessas limitações – e, em alguns casos, por causa delas – jovens estão se mobilizando em grande número para construir um futuro melhor. Ao longo do último ano, eles conquistaram resultados impressionantes, derrubando ditaduras e enviando ondas de esperança entre as regiões e ao redor do mundo.

Os jovens são dotados de mentes abertas e uma percepção aguçada das tendências emergentes, e estão levando suas energias, ideias e coragem para alguns dos mais complexos e importantes desafios enfrentados pela família humana. Eles frequentemente entendem melhor do que as gerações mais velhas que as diferenças religiosas e culturais podem ser superadas para alcançar nossos objetivos compartilhados. 

Eles estão se levantando pelos direitos das pessoas oprimidas, inclusive daqueles que sofrem com a discriminação baseada em gênero, raça e orientação sexual. Eles estão enfrentando questões sensíveis a fim de parar a propagação do HIV. E eles são muitas vezes os principais defensores da sustentabilidade e dos estilos de vida verde.

A comunidade internacional deve continuar trabalhando em conjunto para expandir as oportunidades para estes jovens homens e mulheres, e responder às suas demandas legítimas por dignidade, desenvolvimento e trabalho decente. Deixar de investir em nossa juventude é uma falsa economia. Investimentos em jovens pagarão grandes dividendos em um futuro melhor para todos.

Este Dia marca o fim do Ano Internacional da Juventude, um marco na advocacia global pelo e para os jovens do mundo. Minha esperança é de que esta experiência possa agora fornecer um fundamento para aprofundar ainda mais o aproveitamento do talento e da energia dos jovens. Para eles eu digo: vocês têm a oportunidade de mudar o mundo. Aproveitem-na.

I Conferência Municipal de Juventude de Coxim-MS‏


Padres são contra visita do papa

Padres são contra visita do papa

Redação Carta Capital 10 de agosto de 2011 às 9:08h
Mais de 100 padres de paróquias pobres de Madri se juntaram ao crescente protesto contra o custo da visita do papa Bento XVI à cidade na próxima semana.
Um fórum de sacerdotes estima que a passagem do religioso pela capital espanhola deva gerar gastos de cerca de 60 milhões de euros, sem incluir despesas com segurança. Segundo eles, o valor não é tolerável em um momento de cortes bilionários no setor público e de índices de desemprego  a 20%.
A visita de Bento XVI faz parte do Dia Mundial da Juventude, apoiado por mais de 100 empresas, incluindo a Coca-Cola, Telefônica e Santander. Porém, por meio de redes sociais, mais de 140 grupos já se posicionaram contra o evento e planejam protestos.
O maior alvo das queixas é a gratuidade do transporte público para os cerca de 500 mil peregrinos esperados para o evento, poucos dias após o metrô aumentar o preço das passagens em 50% e anunciar o corte de cerca de 40 milhões de euros do orçamento da educação.
Tática agressiva
Segundo uma recente pesquisa do Escritório Nacional de Estatísticas da Espanha, o número de fieis entre 18 e 24 anos no país caiu 56% nos últimos dez anos. Motivo pelo qual o diretor executivo do evento, Yago de la Cierva, justificou, ao jornal britânico The Guardian, o investimento no Dia Mundial da Juventude. “Os jovens gostam de grandes eventos e a igreja usa todas as ferramentas existentes para apresentar a mensagem de Jesus Cristo”.
Em novembro do ano passado, uma visita de Bento XVI a Barcelona também gerou polêmica. O custo estimado foi de meio milhão de euros, além dos valores com segurança, transporte e acomodação do papa e de outras mil autoridades que o acompanham, pagos pelo governo da Catalunha.
Na cidade, houve protestos contra o posicionamento da igreja Católica em relação à homossexualidade e à proibição do uso da camisinha como medida de prevenção à gravidez e doenças sexualmente transmissíveis.

Na mochila vai o amor, a esperança , a fé e a coragem!‏

Na mochila vai o amor, a esperança , a fé e a coragem!

“Enraizados e edificados em Cristo, firmes na fé” (Cl 2,7)

Com toda certeza, os próximos dias; os que virão, trarão neles uma figura bem presente no cotidiano: A mochila, a mala, a estrada. Eu peregrino.

Neste momento, dias antes de partir, não me atrevo a dimensionar aquilo que vivenciarei na Jornada Mundial da Juventude, em Madrid. Não sei o que lá encontrarei, mas conheço a força que convoca estes milhares de jovens de tantos lugares diferentes, realidades diferentes, culturas diferentes não somente para um grande encontro. Mas o encontro com a pessoa e a proposta do jovem de Nazaré, Jesus Cristo.

E quem vai ao encontro, vai em busca. Vai e vê, mas depois retorna para o lugar aonde lhe é permitido viver. E o caminho de ida, via de regra, é o mesmo caminho de volta. No entanto, sei que não voltarei o mesmo. As marcas do caminho permanecem no retorno.

E nessa viagem, volto a pensar na mochila: Toda mochila de um viajante leva nela o essencial. Estritamente essencial. E isso tudo me ensina que na vida, por muitos momentos seremos convocados a escolher o essencial, tirar o excesso de bagagem com quinquilharias, supérfluos, etc. A mochila, portanto, me ensina a escolher aquilo que realmente importa. E tudo que é essencial, dispensa por si o que não é.  Aprendo o significado do desprendimento.

Contudo, felizmente nem tudo segue esta mesma regra. O coração tem lugar para tudo: Amor, coragem, esperança, ousadia e fé... A mochila voltará do mesmo jeito que vai, mas o coração certamente volta abastecido de vida e esperança!

Lembro-me dos ensinamentos de Emaús. Os mesmos que vão, retornam pelo caminho com um novo olhar, um novo ardor. Espero, portanto retornar ao povo que me envia. A missão continua!

Coragem no caminho!

Marcos Tramontin Serafim
Pastoral da Juventude da Diocese de Criciúma

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"Outro mundo é possível, vamos fazer"

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Marcos Tramontin Serafim 
Teias da Comunicação - SUL4
Coordenador Diocesano da Pastoral da Juventude - Diocese de Criciúma | SC 
48 3527-0770 | 48 9944-2855 

"O jovem não é indiferente" - PJE no Jornal Mundo Jovem‏



"O jovem não é indiferente" - PJE no Jornal Mundo Jovem




Tábata Silveira dos Santos
     Como é ser jovem e ser estudante em nossos dias? Em 2002 a Pastoral da Juventude propôs a Semana do Estudante.
     A ideia é trazer para o centro da escola e do espaço do jovem o debate sobre a educação, os grandes anseios da vida do estudante que se refletem na sociedade e relacionar todas as discussões estudantis com a realidade social. Conversamos com a jovem Tábata Silveira dos Santos.

Tábata Silveira dos Santos,
estudante de Direito, militante do movimento estudantil, ex-secretária e articuladora da Pastoral da Juventude Estudantil.
Endereço eletrônico:  tabatapje@yahoo.com.br

Mundo Jovem: O que é ser jovem hoje?
Tábata Silveira: Para saber quem é o jovem é preciso um esforço, pois não é um conceito estagnado. Tudo está em movimento e vários fatores vão interferir. Por um lado, objetivamente falando, o jovem é desempregado ou mal empregado, sofre muita violência, há um grande número de jovens encarcerados, é estigmatizado pela sua condição de ser jovem, há uma sensação de desconfiança etc. E subjetivamente falando, o jovem se sente muito cobrado para produzir resultados, para ser alguém que nem sempre é o que ele deseja ser. E a reação a isso pode resultar numa certa passividade. Não é uma inércia total, mas uma resposta a uma ação externa.

Mundo Jovem: Como é ser jovem estudante?
Tábata Silveira: Penso que ser jovem estudante hoje é estar condicionado por uma espécie de disputa ideológica. Porque temos uma preocupação forte com o futuro. E sinto que o nosso futuro é disputado por forças: por um lado, o mercado de trabalho e, em alguns casos, a nossa família nos pressionando para que trabalhemos. E, por outro lado, temos um monte de sonhos, de vontade de ser o que de fato somos, vontade de seguir os nossos desejos. Ainda temos a televisão e as ferramentas desse sistema que vão nos condicionando a ser aquilo que não queremos ser.

     Outra coisa do ser estudante é que a escola nos impõe uma condição apenas de aprendiz, sem possibilidade de intervir. Somos considerados objetos da educação e não sujeitos dela, por mais que existam estudantes que se movimentem contrariamente a isso. Existem, sim, jovens que se organizam por uma educação diferente, mas sabemos que a massa estudantil de fato aceita a realidade da escola assim como ela é.

Mundo Jovem: Como o jovem gostaria que fosse a escola?
Tábata Silveira: Hoje, estudar é um dever, não é só um direito. Ser obrigado a ir à escola pode parecer chato quando significa entrar para a máquina e fazer parte da esteira dos iguais. Desde o golpe militar de 1964, temos um modelo de escola igual. Talvez nos últimos anos as escolas tenham andado alguns passos. Mas ainda não se promove o encontro, a partilha do saber... as coisas legais que gostaríamos de saber e de ser.

     Há uma tentação de acreditar que todos são iguais e que o jovem não pode nos dar esperança. Mas quando chegamos junto com os jovens, encontramos uma realidade bem diferente do que a televisão mostra. Porque o jovem é criativo, tem uma capacidade fantástica de inventar e surpreender. Não que o jovem seja a grande esperança do mundo; a humanidade inteira deve ser esta esperança. Porém essa discussão serve para reconhecermos o jovem como sujeito capaz de criar. O adulto deve romper com estes muros de achar que só ele detém o lado certo das coisas, e oportunizar ao jovem a sua capacidade de criar.

Mundo Jovem: A escola valoriza as culturas juvenis?
Tábata Silveira: De um modo geral, os estudantes não são convidados a trazer a sua cultura para a escola. Parece que estudamos uma cultura abstrata, que está pairando sobre a realidade da escola. Mas temos avançado, especialmente na escola pública, no sentido de poder acessar políticas públicas e ter mais presente a realidade das comunidades de onde vêm nossas origens. Esta é a proposta da Semana do Estudante: viver e acessar essas raízes da resistência e da diversidade cultural. Ainda se convive muito com o racismo, com a intolerância entre as diferentes culturas. E a escola, apesar de ser invadida pelos meios de comunicação, é um espaço privilegiado de acolher culturas, de aprender com o diferente, de se ver no outro, de ajudar o jovem a se encontrar e também a perceber que o Brasil é muito mais do que aquilo que a televisão mostra.

Mundo Jovem: É possível comparar o jovem de hoje com o dos anos 1960/70?
Tábata Silveira: O contexto é outro. Naquela época, o contexto era mais instigante, porque o inimigo era muito claro. Existia uma lógica mundial de ditaduras e de opressão ao Sul do mundo. Então, havia uma luta pela libertação, contra o Norte. Eu acho que essa confusão que se tem hoje, essa tentativa pós-moderna de colocar na cabeça do jovem que é tudo muito incerto, e que não necessariamente se devam fazer lutas, causa um certo mal-estar.

     Acredito que o movimento estudantil, mais do que nunca, tem um papel fundamental no sentido de romper com a ideia de que a educação deve estar a serviço do sistema que oprime a maioria. Mas é importante dizer que o movimento estudantil, além desse desafio maior, tem lutas específicas.

Mundo Jovem: Quais são essas lutas?
Tábata Silveira: Na universidade, há uma luta pela inclusão racial e social no Ensino Superior, que são as cotas. Apesar de ser uma lei já aprovada, ainda é um problema que requer reconhecimento. Há também a questão da mulher nos espaços de educação. Na verdade, a pauta do dia é contra as opressões, contra a homofobia, contra o machismo, contra o racismo.

     A questão da ecologia também está presente, apesar de ser uma pauta confusa, porque o meio ambiente está sendo afetado pelo sistema capitalista, todos sabem, e o jovem tem se indignado muito com isso, mas não tem alguém para ser “atacado” diretamente. É uma luta difusa e impessoal. Todos sentem que devem fazer alguma coisa, mas ninguém faz.

Mundo Jovem: E há resultados dessas lutas?
Tábata Silveira: Eu entendo que um grande desafio para o movimento estudantil é repensar a sua forma. O problema é o método, não é o conteúdo. E nesse sentido os resultados poderiam ser bem maiores. A cultura é um caminho de diálogo com o próprio estudante. Os grandes atos, as grandes manifestações que acontecem hoje em dia não conseguem agregar tanta gente e por isso são poucas vozes gritando, e que correm o risco de serem ridicularizadas pelos colegas. Transitando pelas escolas e universidades, o que se percebe é a questão da forma do movimento estudantil. Como é que vai fazer para dialogar com os estudantes para ser real e cumprir o seu papel, que é organizar os estudantes para lutarem por uma sociedade diferente?

Mundo Jovem: Então não dá para dizer que o jovem de hoje é indiferente?
Tábata Silveira: Não dá para dizer que o jovem é indiferente. Existe a tentativa de construir essa ideia de que o jovem é apático. Nas avaliações que as Pastorais da Juventude têm feito, a conclusão é que o jovem se incomoda muito porque sofre diretamente as consequências do sistema capitalista. E não tem como uma pessoa que sofre muito ser apática. Ser indiferente é não perceber que as coisas estão acontecendo. A dificuldade que existe é encontrar meios de organização.

     O jovem sente na própria pele, pela violência que existe hoje, principalmente nas periferias, a questão da discriminação, a dificuldade de conseguir emprego. Apesar de as estatísticas mostrarem que o índice de desemprego está diminuindo, parece que há uma certa desconfiança com relação ao jovem.

Mundo Jovem: A internet pode contribuir nas lutas do jovem?
Tábata Silveira: É evidente que a juventude é fortemente atraída pelas tecnologias, pela possibilidade de se comunicar através do computador. E eu acredito que isso é a manifestação de uma resposta a uma pergunta que nos fazemos: quem somos? A internet parece conceder esta liberdade para sermos exatamente o que somos. Podemos selecionar as melhores fotos para que as pessoas nos vejam do jeito que queremos ser vistos. Acho importante o jovem poder se projetar numa perspectiva ideal.

     Por outro lado, a internet traz o aspecto de que nos distancia fisicamente uns dos outros. E para a questão central do estudante, que são suas lutas, a internet é uma ferramenta limitada. Dá para dizer que a internet pode contribuir, mas nada consegue substituir o espaço de debate, de construção coletiva presencial.

Mundo Jovem: É possível mudar a realidade? Que caminhos trilhar?
Tábata Silveira: Os partidos políticos identificados com os movimentos sociais têm muitas pautas urgentes, muitas bandeiras. Há a questão da ecologia, questões raciais, das mulheres, dos trabalhadores etc. E quando se olha para essa diversidade de bandeiras, a sensação para quem é militante de movimento estudantil e de pastoral é de que a luta é dispersa, não é unida. Há uma luta, mas parece que não se sabe especificamente contra o que se está lutando. E isso dificulta a mudança. Por outro lado, há um pressuposto para a mudança. Paulo Freire dizia que é preciso acreditar que é possível mudar.

     Penso que podemos nos inspirar na forma de viver indígena, de sentar na roda, de um não ser mais do que o outro, de se compreender como se fosse uma grande família. Dessa forma, é possível traçar um projeto comum e caminhar lutando para que ele aconteça.

     Então, primeiro, acreditar que é possível mudar; depois, buscar uma unidade entre os movimentos. Se continuarmos numa postura de cada um lutar pelas suas bandeiras, caminharemos cada vez mais para o individualismo, que é totalmente contrário ao projeto de sociedade mais justa. E quando se fala na possibilidade, é importante lutar a partir do lugar onde se está. Quem está na escola, deve lutar dentro dela, sem esperar ficar maior de idade para entrar para a política etc. Quem já está trabalhando, pode lutar por um salário mais justo, pensar num sentido de trabalho humanizador. Todo o espaço é legítimo para a luta.
confira mais em: http://www.mundojovem.com.br/