No dia 31 de março de 2011 completou 47 anos do Golpe Militar, data que deveria ser lembrada com vergonha e pesar por todo e qualquer brasileiro, porém, não foi o que ocorreu. Nesta data, a Comissão Interclubes Militares divulgou, sem qualquer pudor, nota na qual distorce fatos e enaltece o Golpe, como se esta fosse uma boa resposta à demanda da população.
A Associação Brasileira de Psicologia Social (ABRAPSO) vem por meio deste, manifestar seu repúdio a essa nota, bem como a quaisquer outras manifestações que distorçam os fatos do período da ditadura, acreditando ser a memória um instrumento de luta política sem o qual as novas gerações ficam completamente à mercê da repetição dos mesmos equívocos outrora cometidos.
Omitir o direito à memória de uma Nação é tirar-lhe uma grande gama das possibilidades de seu futuro, é submeter-lhe novamente ao terror vivenciado e permitir que as coisas se repitam cotidianamente, com aparência distinta, mas a mesma violência. Ou não seria fruto desta amnésia imposta o crescente extermínio de jovens negros e indígenas, de homossexuais e também a forte repressão e criminalização dos movimentos sociais?
Não são poucas as denúncias que s meios de comunicação de massa, a mídia alternativa e os movimentos sociais têm feito de abusos por parte da polícia militar na repressão ao direito dos cidadãos de se manifestarem. Haja vista a recente prisão de treze pessoas que se manifestaram em um ato político contra a vinda do presidente estadunidense Barack Obama.
Também não são poucas as denúncias de tortura, perseguição política, encarceramento indevido, desaparecimento forçado, disseminação do medo na população pela manutenção de uma suposta harmonia social. O que evidencia que o aparato repressor do Estado brasileiro ainda se utiliza dos métodos tão largamente utilizados durante a ditadura civil-militar.
Frente a tais fatos, a Associação Brasileira de Psicologia Social sente-se na obrigação de explicitar os ditos fatos e reivindicar:
- O direito à memória e justiça da população, o fim da anistia aos torturadores e a construção de uma Comissão da Verdade em nosso país.
- O fim da criminalização dos movimentos sociais, da perseguição política e do encarceramento indevido.
- O respeito ao direito de livre manifestação da população e o fim da repressão e violência contra os manifestantes.
- A averiguação dos assassinatos de jovens e o fim da criminalização da pobreza.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSICOLOGIA SOCIAL
06 de abril de 2011.
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